sábado, 8 de novembro de 2014

sábado ensimesmado

Eu tenho muitas aversões, é bem verdade. Costumava ir à shows alternativos no berço cultural da minha cidade, costumava ir à festas e ouvir música independente em lugares insólitos, talvez pelo fato de sentir que isso fazia da minha identidade algo mais original ou talvez pelo fato de me sentir mais confortável em lugares onde há pessoas desajustadas. Mas de uns tempos pra cá, virou moda ser desajustado. E sim, eu sou daqueles que têm síndrome de mainstream. Porque foi assim com o mundo. Acredito que se houvesse menos pessoas no mundo, ele seria um lugar mais confortável e haveria menos jogo de poder, menos coisas tristes e depreciativas banhadas à coca-cola. Acredito que artistas em geral, só são realmente verdadeiros quando fazem arte para não enlouquecer. Talvez por isso os verdadeiros gênios que eu considero, só foram descobertos pela arte acadêmica ou de elite após a morte. Quando um gênio desses é descoberto em vida, sua obra passa não mais a ser apenas uma válvula de escape, mas ela vira parte de um todo. De um rio, que é levado pela correnteza da crítica, dos fãs e de toda a poluição que esses rios do mundo moderno possuem.
São poucos os artistas que conseguem manter a arte como perspectiva salvadora, independente do patamar que sua arte atinja. Porque artistas são seres humanos e seres humanos são fracos. O silogismo de Aristóteles nunca mente. E é difícil fazer com que a arte atinja sempre o mesmo lugar. Não que ela deva ser estática, mas assim como a técnologia bélica: mudar para acertar o alvo com mais precisão.
E eu não lembro mais porquê comecei a escrever isso.
Talvez tenha algo a ver com o fato de eu estar me tornando um velho ranzinza. Talvez tenha algo a ver com o fato de que o último livro genial que li tenha sido há alguns anos. Talvez tenha a ver com o fato de eu estar me ausentando de muitas das coisas que eu costumava frequentar. Tudo tá ficando chato. Talvez eu que esteja ficando. Mas eu não aguento mais ler distopias com jovens protagonistas, não aguento mais música sobre tristeza, sobre capitalismo opressor, não aguento esse esquerdismo doentio que toma conta dos jovens por pura vaidade, não aguento mais ler artigos acadêmicos sobre computação e me deparar com o mesmo mimimi de que "Vivemos hoje num mundo globalizado em que a informática faz parte do nosso cotidiano". Não aguento mais gente achando que uma graduação é um diferencial no currículo. Chega a ser insuportável a forma como a produção acadêmica tem se desenrolado.
O problema, na verdade, é que eu não me sinto estimulado a ser o gênio construído que vai mudar toda essa perspectiva. Que vai compor músicas sobre o guarda-roupa de Byron ou sobre o sexo em tempo de holocausto nazista. Não me sinto estimulado a fazer a diferença. Fui educado à esperar que façam as coisas por mim.
E pior de tudo, é que isso tudo soa chato pra alguém, apesar de para mim ser algo relevante.
Toda opinião é um jogo de poder.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Eu não sei sobre os modelos políticos, coisas da economia, filosofia do comunismo e mais mil coisas úteis para se viver nessa idade moderna. Não me orgulho disso, mas também não me envergonho. Este fato não me incomoda a ponto de me mover à fazer alguma coisa quanto a isso.
A ignorância, que quase sempre vejo como dádiva,  me foi presenteada nesse âmbito do conhecimento. E dádivas concedidas não devem ser refutadas.
Meu nome não habitará a produção acadêmica, os seminários extraordinários ou os telejornais. Morrer no ostracismo talvez seja a melhor das opções. Se houver uma vida espiritual, que pelo menos ela seja tranquila quanto a citações e referências no mundo de hoje.
Bom dia.

segunda-feira, 24 de março de 2014

chutando os baldes secos.

"Como assim 'eu não sei'? Tu tem que se programar, cara. Tem que saber como vai fazer as coisas..."
"A vida se faz sozinha. Eu tô aqui pra viver, não pra programar"
"Talvez se você se programasse, Ela ainda estivesse com você"

Na oralidade inexistente, ele me pareceu ter dito "Ela" com esse E maiúsculo. Mas, sempre que eu ouço o nome dela, é com um E maiúsculo. Com letreiros piscantes e cornetas à fôlego máximo. Porque todo Adão tem uma fruta proibida e uma eva que o faz comer.

E se eu tivesse me programado, será que ela ainda tava comigo? Uma relação não pode chegar muito longe sem sexo. Se ela ainda estivesse comigo, eu teria me deliciado na carne dela. Meu vegetarianismo não impede isso. Nem minha religião e nem meus conceitos morais. Transaria com ela.
Cachos morenos, boca ferina, me mordendo. A textura da sua saliva insalobra na densidade pulsante de meu pênis. Seria num desses domingos? Quantas vezes?
uma flor que emana vida e luz para todos os lados
Na minha cama, na dela?

Não, talvez não estaríamos juntos. Talvez, se eu tivesse me atentado quanto às semanas, quanto aos segredos que ouvi ao telefone, quanto a saudade que talvez ela não tenha sentido.  Não sei. Como todo o resto, não projetei o adeus. Nem o "olá, tudo bem? o que você tá ouvindo aí" "tô ouvindo engenheiros" "Ah, minha banda favorita... E a música também! Como você é um cara fantástico e carinhoso. Vamos criar uma relação diferente que no fim das contas vai ser igual a todas as outras. Não, todas as outras não. Igual àquelas que dão errado, que um dos envolvidos fica sem explicação e o outro se acha dono da razão. Vamo fazer isso ae?". Nunca fui de projetar. Se não tiver uma estrada, eu faço a minha. Mas sem orçamentos ou plantas. Sou como um acidente. E Ela parecia gostar disso.

Tem gente que gosta de erros.

E aí eu me pego pensando que nunca mais vou escrever nada pra ela, mas ela é a única coisa que dá sentido pra minha existência. Na verdade, ela já deu. O que dá sentido agora é a esperança de um dia encontrar alguém tão fantástico quanto Ela perdida por aí, que me faça me sentir pior que tudo.  Pois foi o único momento em que eu não pensei duas vezes, não quis dar pra trás.

Não, eu não sofro mais por Ela. Só sei que Ela é a pessoa mais fantástica que eu talvez tenha conhecido um dia e que ela dava sentido pra minha vida. Mas não, eu não queria tê-la novamente. É só um modus-operandus da minha cabeça escrever essas coisas. Ela não vai voltar. E se voltar, eu deixo ela do lado de fora, coloco comida e água. E de vez em quando um carinho.
Se ela fosse um gato, eu não iria me arriscar à alergia com os pelos dela.

eu terminei aquele livro maldito. aprendi coisas com ele. e não foi a me programar.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

pré-boom

Já é manhã e eu ainda não dormi, como sempre estou aqui. fim do dia, fim do mundo. mil tretas modernas. acho que amanhã terei o que escrever. esperem-me.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

terça ou quarta feira obsoleta como todas as outras.

é madrugada de segunda feira e eu não sei exatamente quem sou. estou meio perdido, pensando em músicas e outras inutilidades grandiosas. minha voz não é afinada e nem tenho um timbre agradável, mas eu tenho ideias na cabeça. e já foi comprovado empiricamente que há outros seres humanos perdidos pelo mundo que compartilham ou se identificam com essas coisas loucas, abissais e monstruosas que habitam minha mente.
quantos seres abortados pelo mundo estão a vagar pelos becos escuros da internet? quantos conseguiram sair do facebook e chegar até aqui: palavras bobas de um velho adolescente?
estou perdido.

nesse meio de jogo, existe uma garota que me ama. ela daria muita coisa para estar comigo neste momento. ela daria muita coisa para estar comigo o tempo todo. mas eu descobri que tenho um escudo. um escudo bem grande que não me deixa amar, não me deixa apaixonar-me completamente e perdidamente. é aquela velha história, macaco: todo homem decente teve seu coração decepado por uma donzela estonteantemente bonita. o escudo está aí para que eu não tenha o resto de coração que me coube estilhaçado. já tive momentos ruins, agora tenho uma guria que gosta bastante de mim.

hoje é terça feira, eu acho. quarta talvez. eu poderia transar com a tal menina na sexta feira. ela falou que a casa dela estaria vazia, a mãe viajou, a prima vai fazer algo e mais um monte de acasos vão ocorrer, o que proporcionaria o sexo entre ela e eu.
ela é muito gostosa. qualquer cara da minha idade deixaria metade do mundo de lado só pra ver ela nua. metade deixaria mais da metade do mundo para transar com ela. sim, olha que louco, enfiar o pênis enrijecido no canal vagina de uma mina muito gostosa... eu não me animo tanto com a ideia. a vida tira minha libido. pensar que a mesma menina que me dá prazer pode ser a que vai foder meu pequeno coração não é interessante e não me excita tanto assim. e sim, eu tenho sentimentos. sentimentos demais, eu diria. eu queria transar com a mulher. A MULHER. e eu não sei se ela é essa mulher. pouco tempo para adentrar na mente dela, pouco tempo pra expor minhas chagas. aos poucos, ela vai perceber que eu não sou o quanto ela espera, que eu tenho mil defeitos e não me importo muito em perder as coisas. é nesse momento que as pessoas desistem de mim.
definitivamente eu não sou um cara fácil de lidar. alguns estão por perto por ainda não verem o que há dentro de mim.

Acho que é melancolia demais, pessimismo demais. eu queria ser um cara comum, na verdade. eu queria ter uma vida idiota. queria que meus objetivos de vida fossem mais fáceis. queria que meus sonhos fossem: ter uma casa e um carro do ano. queria tomar banho periodicamente, fazer a barba e escovar os dentes. queria não ter entrado na faculdade e ter que ir trabalhar. queria não ser o "geniozinho", eu acho.
queria ser um porteiro, um caixa de supermercado. mas eu fui inventar de ir mais longe. fui ler, fui escrever, ouvir música e apreciar artes. fui me destacar na escola, fui entrar na faculdade antes da hora comum.

sou todo de exceções e contradições. como um amante de Drummond programa computadores? Como um player de jogos online divaga sobre coisas inimagináveis num blog absurdo, perdido no meio da internet?

Pablo Capistrano diz que há dois tipos de pessoas, os que são personagens e os que não são. eu sou um personagem. um personagem inacreditavelmente indescritível. não há linhas para mim.

não há.


pequenos apocalipses


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